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ARTIGO | Ensino técnico: rebeldia e teimosia pra construir o Brasil do futuro

A rede federal de ensino técnico no Brasil surge com a criação das Escolas de Aprendizes Artífices, em 1909, direcionadas aos filhos da classe trabalhadora que, ao contrário dos mais ricos, não tinham condições de estudar francês nos liceus; e também da necessidade de preparar mão-de-obra para o processo de industrialização do país. Cento e quatorze anos depois, temos várias redes de ensino técnico espalhados pelo país: privadas, estaduais e federais. 

Na década de 40, temos o Sistema S, uma rede de ensino técnico privado, que com investimento público, surge para preparar mão-de-obra pro mercado através de ofertas de muitas bolsas de estudo para jovens de baixa renda. Com o passar dos anos, temos uma redução significativa dessa oferta de bolsas, portanto, a perda de sentido do investimento público. A partir disso, temos a demanda e a criação de uma outra rede de ensino técnico.

Com o intuito de preparar mão-de-obra qualificada, ampliação da rede técnica, popularização da educação profissional e o estabelecimento de um projeto político-pedagógico mais moderno para o ensino técnico, temos a criação dos Institutos Federais, um marco na história do nosso país, que conta hoje com mais de 38 institutos espalhados (em rede) por cada canto do Brasil. 

Hoje, a rede de ensino técnico mais próxima da nossa concepção ideal de ensino técnico é a rede federal, com os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, que representam o berço da ciência e tecnologia do nosso país. Medidor de temperatura via wifi, copo anti-drogas, plásticos biodegradáveis: são nos Institutos Federais que os secundaristas mostram a rebeldia presente em seu DNA e, independente da conjuntura, produzem coisas que demonstram o tamanho do amor que sentem pelo Brasil.

Os Institutos Federais têm um diferencial: em seu projeto político pedagógico, estão intrínsecos os conceitos de liberdade, emancipação e desenvolvimento. Trazem em suas fórmulas a preocupação com o avanço tecnológico e soberania nacional através da ciência, produzida pelas mãos do povo brasileiro. Além disso, diferente de outras redes de ensino técnico, os IFs carregam em sua gênese a possibilidade dos estudantes serem livres para ser quem verdadeiramente são e de se organizarem, através dos grêmios estudantis, coletivos e organizações de juventude.

Em oposição a todos esses conceitos e valores, durante a gestão do ex-presidente Bolsonaro (2019-2022), os Institutos Federais foram uma das áreas da educação mais atacadas e sucateadas. Cortes expressivos no orçamento colocaram em risco o funcionamento de alguns campi, com a falta de pagamento de contas de água, luz e internet; prejudicando os funcionários, sem pagamento da limpeza e segurança; e afetando também os estudantes com o corte das bolsas e auxílios. Mobilizando milhares de estudantes na defesa dos Institutos Federais, que se confunde com a defesa do Brasil.

Atualmente, com a derrota de Bolsonaro e eleição do Lula, a conjuntura do ensino técnico gira em torno da defesa dos IFs, reafirmando seu projeto político-pedagógico e que grande parte do avanço tecnológico esperado pro próximo período virá pelas mãos dos estudantes secundaristas dos Institutos Federais. Mas precisamos, antes de tudo, reestruturarmos a assistência estudantil que garante a permanência e reduz a evasão: a partir da manutenção das bolsas, ampliação e reestruturação dos campi e, principalmente, com inovação.

Os desafios colocados são muitos, mas com a coragem e rebeldia dos estudantes secundaristas acertaremos em cheio, construiremos o IF dos nossos sonhos.