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Estudantes negras e indígenas cobram presença nos espaços de poder

Na sexta-feira (18), as secundaristas discutiram “Gênero, raça e classe: mulheres negras e indígenas em defesa da vida e dos territórios”, no segundo dia de atividades do 5º Encontro de Mulheres Estudantes da UBES. Convidadas da mesa, representantes de entidades educacionais e sociais pontuaram a importância da discussão nos ambientes escolares e das periferias como centros de poder.

“A história se movimenta a partir da luta de classes”, disse Elaine Monteiro, Diretora de Mulheres da União Nacional dos Estudantes (UNE). Elaine, lembrou que o modelo de urbanização que, hoje, é implantado expulsa a população mais pobre promovendo ainda mais desfavorecimento e dificuldade de acesso à cultura, lazer e às universidades, o que implica diretamente no desenvolvimento de mulheres negras. 

“As mulheres são o motor da engrenagem que é a sociedade”, Elaine Monteiro, Diretora de Mulheres da UNE.

“Em questão de territorialidade, é importante falar da militarização. Ela não é somente a ocupação dos militares nas favelas do Rio de Janeiro, é um modelo de sociedade que vem se instalando e coloca famílias em risco”, destacou se referindo às mães negras que perderam seus filhos durante atuação militar.

“Temos um governo que é contra as mulheres. Se o Estado quer cumprir o seu papel mínimo e ainda conservador, nós temos que defender a nossa vida construindo possibilidades”, Bruna Brelaz, Tesoureira da UNE.

Bruna Brelaz, tesoureira da UNE, enfatizou que o recorte de gênero, raça e classe deve estar presente nos espaço escolares, nos grêmios, nas universidades e no mercado de trabalho: “Não tem como desvincular isso da conjuntura que estamos vivendo. Vejo vocês ocupando as universidades no futuro, ajudando a fazer o nosso país melhor. Ninguém tem o direito de nos tirar oportunidades. Temos que ser fonte de esperança para o povo brasileiro!”.

Natural de Mato Grosso do Sul, a Diretora de Combate ao Racismo da UNE, Elis Regina Gonçalves, lembrou das meninas e mulheres que vivem em regiões desprovidas de acesso à educação, regiões onde acontecem brigas diárias por territórios e que as colocam em situação ainda mais vulnerável: “O Mato Grosso do Sul é o segundo estado com a maior população indígena do Brasil, e lá se mata indígenas todos os dias. Nós, mulheres negras e indígenas, estamos na base da sociedade, nossa sociedade ainda é escravocrata”.

“Quanto de acesso as jovens negras têm hoje? É preciso acesso. Negritude nas ideias, hegemonia negra no pensamento político. Só vamos construir uma sociedade mais justa quando olharmos para essa mulher negra”, Elis Regina, Diretora de Combate ao Racismo da UNE.

A participação de mulheres na cadeia política foi defendida como essencial para a redução das desigualdades. Para a psicóloga e vice-presidenta da UNEGRO (União de Negros Pela Igualdade), Thaisy Ferraz, o único jeito de mudar esse quadro é ocupando espaços políticos e unidas quebrando as barreiras. “Enquanto mulheres, maioria na população, onde nós estamos? Enquanto mulheres negras, 60 milhões da população brasileira, onde nós estamos? Nos espaços de violência somos muitas”, evidenciou.

“Fiz 5 anos de psicologia e não tinha uma colega negra, um professor no qual me espelhar, não havia livros que pautassem minha pesquisa sobre identidade. Precisamos preencher essas lacunas”, Thaisy Ferraz, vice-presidenta da UNEGRO.