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Que close foi esse? Veja os exemplos certos e errados deste carnaval

O carnaval tomou conta do país arrastando multidões por todo canto. Foliões se espalharam por blocos de rua e sambódromos, com alegria, mas também sem deixar a luta de lado. A festa de 2018 teve closes certíssimos, com exemplos de consciência social e cidadania, e outros bem errados, quando o que se viu foi o preconceito, violência policial e outras cenas que infelizmente também se repetem ao longo do ano.

Para você que perdeu alguma coisa, veja a nossa retrospectiva:

Denunciando retrocessos

“Presidente-vampiro” no último carro da escola Paraíso do Tuiuti.

A escola de samba carioca Paraíso da Tuiuti mandou super bem denunciando as injustiças sociais do país e as medidas ilegítimas de Michel Temer. Com o enredo “Meu Deus, Meu Deus, está extinta a escravidão?”, a Tuiuti criticou, entre outras coisas, a reforma trabalhista que retira direitos dos trabalhadores.

Uma das alas, com integrantes de camisetas amarelas caracterizados de patos da FIESP manipulados, ironizou os paneleiros que protagonizaram as manifestações que levaram ao golpe contra a ex-presidenta Dilma Roussef.

Para fechar com chave de ouro, o último carro alegórico trouxe a avenida o presidente “vampirão”. O close foi tão certo que a escola garantiu o título de vice-campeã do carnaval do Rio de Janeiro.

“Carnaval sem Lula é fraude”

Protesto do bloco Chama o Síndico em BH.

O bloco de rua Chama o Síndico que reuniu cerca de 60 mil foliões no centro de Belo Horizonte protestou contra a condenação sem provas do ex-presidente Lula. Os participantes seguravam uma enorme faixa com o texto “Carnaval sem Lula é fraude” que também estava nos adesivos distribuídos aos foliões.

Os ataques aos direitos dos trabalhadores também foram denunciados nas letras das marchinhas, como no trecho: “Dizem que é culpa da inflação. Cadê a verba, desapareceu. Será que está em Brasília ou o gato comeu”.

Por uma folia livre

O carnaval sem cordas e sem censura do Bolinho.

Na capital baiana, o bloco de rua Bolinho de Estudante representou estudantes universitários e secundaristas do estado defendendo a democracia. O bloco percorreu as ruas da Barra em Salvador sem cordas ou camarote, promovendo a igualdade na festa que é uma conquista para os estudantes.

O tema deste ano foi “Sem Censura” , com a proposta de construir um carnaval que tenha maior espaço para os debates políticos, além de dar voz aos jovens sem distinção de cor e classes.

Contra o assédio

Campanha contra o assédio tomou as ruas de todo o país.

A campanha nacional “Não É Não” contra o assédio sofrido por mulheres no carnaval, ganhou as cidades brasileiras. As foliãs saíram às ruas com roupas e decalques no corpo divulgando o lema da campanha, o que ajudou a evidenciar as situações de assédio e incentivar a denúncia desses casos.

Em Macapá, por exemplo, foram registrados cerca de 30 casos pelo disque-denúncia incentivados pela campanha. Já no Rio de Janeiro, houve ponto de apoio com suporte de agentes da Operação Segurança Presente que atendia as vítimas.

Porém, os closes errados também marcaram presença nas ruas e na avenida:

O mar não tá pra peixe

Mergulhadores “resgataram” latas e até um abadá.

Foram retirados 48 kg de lixo no mar das praias da Barra em Salvador após o carnaval. Latas de cerveja e refrigerantes, palitos de sorvete e espetinhos foram encontrados em meio a corais por mergulhadores do Projeto Fundo Limpo.

O projeto realiza limpezas no mar quatro vezes durante o ano, uma delas é após o carnaval. Infelizmente, muitos foliões curtem a festa de rua e esquecem da importância da preservação e da responsabilidade ambiental.

“Blackface” é racismo e não fantasia

“Caracterização” gerou polêmica e revolta do público.

O Salgueiro, uma das escolas mais tradicionais do Rio, usou homens brancos pintados com “blackface” para representar mulheres africanas no enredo “Senhoras do Ventre do Mundo”. A caracterização da bateria do Salgueiro também chamou a atenção, todos os integrantes estavam com os rostos pintados de preto.

Inúmeras críticas nas redes sociais foram registradas pelo público que acompanhava o desfile. Os internautas questionavam o porquê de levar a avenida algo tão pejorativo quanto o blackface, uma prática teatral do século 19 que ironizava a população negra, ao invés de utilizar pessoas, de fato, negras.

A participação da escola gerou polêmica e o que era para ser uma exaltação da cultura africana, foi visto negativamente como uma irresponsabilidade com a atual conjuntura racial do país.

Celebração ao som de balas de borracha

Após cortejo, bloco publicou no Facebook: “Foi lindo até a PM massacrar”.

Durante um cortejo em Minas Gerais, Polícia Militar disparou balas de borracha, bombas de efeito moral e sprays de pimenta nos foliões do bloco Filhos de Tcha Tcha que desfilava por dentro de algumas ocupações urbanas em Belo Horizonte.

Segundo integrantes do bloco, a PM prendeu uma moça e mesmo com a presença de muitas crianças no cortejo, foi repressiva e usou cassetetes. A Polícia Militar declarou ter realizado intervenção devido ao não cumprimento do horário estipulado para ocupação do espaço.

Desfilando o racismo

Autor de post racista é demitido após repercussão.

Em publicação racista no Instagram, folião insinuou que seria roubado por rapazes negros que estavam em bloco de carnaval em Vitória (ES).

Segundo o jovem, que estava curtindo o bloco “Bekoo das Preta”, o folião branco pediu para tirar uma foto com o grupo e, para a sua surpresa, encontrou a foto publicada na rede social com a legenda: “Vou roubei seu celular”.

A publicação viralizou causando indignação nos internautas. O jovem racista foi desligado da empresa em que trabalhava por conta da situação.