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Trabalhadores acampam na Paulista pela volta de programa de habitação para baixa renda

Às duas horas da tarde de quinta-feira (16), um termômetro da avenida Paulista marca 35 graus em São Paulo. Na calçada da via, um dos principais centros comercias e turísticos do mundo, centenas de homens, mulheres, crianças e idosos se organizam sob lonas pretas e colchões, desde a noite anterior. Os integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) vêm das periferias da zona Leste, Norte e Sul da cidade para acampar em frente ao Escritório da Presidência da República, na altura do metrô Consolação.

O protesto acontece pois, na semana passada, o governo federal anunciou uma nova fase do Programa Minha Casa, Minha Vida sem nenhuma categoria de financiamento para os cidadãos com renda entre 1 e 2 salários mínimos.

“Se eu recebesse mais do que isso, podia pagar aluguel”, revolta-se Suelen, que é babá e auxiliar de enfermagem. Parao líder do MTST, Guilherme Boulos, “o governo quer fortalecer a faixa do MCMV para quem ganha até R$ 9 mil e transformar o programa em balcão de imobiliária para a classe média, em detrimento dos que mais precisam”.

Além da avenida Paulista, em São Paulo, sem teto prometem ocupar vias de mais cidades até que o governo federal recue. “A UBES presta solidariedade à luta dos trabalhadores que lutam por algo que é seu de direito”, diz Camila Lanes, presidenta da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas. “O Temer não pode continuar retirando os direitos da população mais pobre. Isso faz parte de um conjunto de retrocessos, como congelar os investimentos por 20 anos, a ‘Deforma’ do Ensino Médio e da Previdência”, diz ela.

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Despejos e sonhos

As histórias dos sem teto se repetem: o valor do aluguel passou a ser mais alto do que o salário, veio a moradia em uma comunidade ocupada, a reintegração de posse, outra ocupação, outra reintegração. “Pobre só trabalha para pagar aluguel. E às vezes nem isso dá”, resume Cintia, de 29 anos.

Há um mês, Cintia foi despejada com o filho da ocupação na rua André de Almeida, na Zona Leste, na mesma ocasião em que o líder Guilherme Boulos acabou apreendido pela polícia. Ela deixou o filho com a sogra e ainda procura um teto. “Quando eu estava dormindo na rua, só com a roupa do corpo, o movimento dos sem teto me estendeu a mão. Nenhum desses homens de terno que passa por aqui faria a mesma coisa”, diz. “Aqui, um ajuda o outro.”

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União e solidariedade

Com um fogareiro de duas bocas, três mulheres cozinham e tentam distribuir duas garrafas de água entre os que mais precisam, no calor forte. Não para de chegar gente, com mochilas e colchões. Quando perguntados, todos são enfáticos: “Ficaremos aqui até o governo federal voltar atrás com as mudanças no Minha Casa, Minha Vida. Não queremos promessa, queremos ação”.

A ocupação começou nesta quarta (15) de noite, com um protesto que reuniu 20 mil pessoas no local, e não tem prazo para terminar. Os sem teto aceitam doações de alimento, água e sacos de lixo. Basta levar ao local , na avenida Paulista em frente ao metrô Consolação, e entregar para alguém na cozinha improvisada. Acontecem nesta quinta (16) de noite uma aula aberta com Guilherme Boulos e atrações culturais, como apresentação da bateria do MTST.

Veja o evento da ocupação no Facebok

Entenda

O governo federal anunciou uma nova fase do programa Minha Casa, Minha Vida, mas com algumas mudanças em relação ao que vinha sendo previsto pelo governo de Dilma Rousseff. A ideia era criar uma categoria para quem tem renda mensal entre R$ 1.800 e R$ 2.350, o equivalente a até 1,5 salário mínimo. Isso não aconteceu no lançamento feito pelo governo Temer. Enquanto isso, o teto para acessar o programa passou de R$ 6.500 para R$ 9.000, contemplando com dinheiro público uma faixa da população com menos vulnerabilidade. O MTST lembra que mais de 80% das pessoas sem moradia no Brasil recebe até dois salários mínimos.