Este é um guia construído a partir de falas de diferentes secundas em vários estados. Saiba que as enormes preocupações na cabeça, diante desta pandemia inédita, não são apenas suas.
Estudantes do Ensino Médio do país todo se angustiam com as indefinições do ano letivo, com familiares dentro de grupos de risco da Covid-19, com o futuro que se desenha no Brasil e, para piorar, com um governo que confunde mais do que propõe saídas. Uma enxurrada de notícias! Tudo isso em isolamento.
“A gente vê em outros países pessoas tendo o último contato com parentes por vídeochamada. Caminhões do exército fazendo enterros coletivos… Realmente me preocupo muito mesmo com o futuro para que estamos caminhando, sabe? Quem vai ser mais afetado? A população mais pobre, né? ”, diz Jade Beatriz, 18 anos, da escola técnica estadual Dona Creusa do Carno Rocha, Fortaleza.
Luiza Coelho, estudante de 17 anos do Instituto Federal do Maranhão, vive preocupada com seus avós, de quem sente muita saudade, e pela situação do país. “As falas e pronunciamentos de Jair Bolsonaro e seus filhos me preocupam demais. São irresponsáveis, genocidas”, pontua.
Como tentar ser útil e ainda conviver com tanta ansiedade, indignação, riscos, instabilidade… sem sair de casa? Reunimos algumas falas de secundas por aí em 10 passos. Estamos em isolamento, mas continuamos juntos.
Muita coisa na cabeça, né, minha filha? Tudo bem se não der para seguir o resto da lista, mas tente pelo menos parar um pouco a cada dia. Tomar um banho relaxante, ouvir uma música. Depois você volta para as notícias, redes e estudos.
“Fico muito ansiosa. Vejo muitos amigos meus, pessoas próximas que estão morrendo de ansiedade por conta de todas as notícias, da realidade que a gente tá vivendo”, conta Giovanna Parisotto, 16 anos, da UMES Chapecó (SC).
Uma dica? “Eu acho bom tirar uns minutinhos do teu dia para ter algo só teu. Nem que seja cinco minutos para você sentar, descansar, ficar no sol. Ajuda um pouquinho.”
Nossas páginas de grêmios, entidades e coletivos ajudam a espalhar cuidados e esclarecimentos. Foco em fontes sérias.
“Movimento o instagram da batalha de rap que organizo. Além de suspender atividades, aproveito para postar sobre prevenção, transmissão, etc”, conta VL, 17 anos, de Fortaleza.
Renda básica, taxação de grandes fortunas, bolsa merenda, Adia Enem… Acompanhe as campanhas pelas redes da UBES!
“Ao mesmo tempo em que me preocupo com as pessoas que têm os direitos básicos excluídos, com um governo que não se importa com isso, que passa por cima do Ministério da Saúde, me motivo com muita gente lutando por essas causas”, comenta Ana Eliza, 17 anos, da escola estadual Caetano de Campos, São Paulo.
Tá difícil se concentrar, isso é um ponto em comum entre todos os entrevistados! Mas é importante tentar manter um foco, seja com aulas suspensas ou EaD. Isso ajuda a ter a mente saudável, além de criar perspectivas que se manterão após a pandemia.
Estudantes contam que, com horários para café, almoço e janta, fica mais fácil não se perder nos dias e nas preocupações.
“Não passo um dia sem arte!”, diz VL, de Fortaleza. Com aulas suspensas, ele está compondo e rimando em casa. Outros secundas escolhem outras coisas: meditação, exercício físico, pintura… O que vale é se distrair, se expressar, se manter saudável e não parar as atividades que te fazem bem.
Divulgar campanhas, compartilhar estudos com colegas, pressionar pela renda básica… Tudo é útil!
Tem alguns secundas se oferecendo para fazer compras para vizinhos mais velhos. Outros, quando possível, organizam arrecadações para a quarentena de quem tem menos, enquanto as políticas públicas são insuficientes. É o caso da Giovanna, que participa de mutirões com as mulheres do 8 de Março em Chapecó. (Tudo com revezamento, sem aglomeração!).
“Eu e meus amigos fizemos uma vaquinha pra poder arrecadar comida e produtos de higiene para pessoas em situação de rua aqui no bairro”, soma Jade, de Fortaleza.
Luiza resume tudo: “Eu não saio de casa por nada! Gostaria de poder ajudar mais, mas se cada um ficar em casa, já é muita coisa”.
Jade explica que secundas não são da idade de maior risco, mas podem ser vetor que transmite a doença: “A preocupação é menos por mim, mas muito pelas outras pessoas”.
“Sinto muita falta de conversar com as pessoas olho no olho, ver as expressões, o jeito. Mas me ajuda a passar a ansiedade conversar com pessoas queridas por vídeo”, diz Giovanna.
Chamada de vídeo ta aí pra isso, né?
Logo mais vamo arrebentar no mundão! Mas calma. Por enquanto, foca em quem está sendo solidário e trabalhando por todos.
“Apesar da ansiedade, saudade, preocupação, indignação, tenho visto uma unidade muito grande pra sairmos dessa”, diz Luiza. “Tô vendo muitos amigos se unindo, mandando dicas de estudos, muitos grêmios ativos, participando das campanhas”.