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Protesto contra militarização em escola: “Não se constrói uma história apagando a outra”

Os estudantes do Colégio Estadual Professor Gildo Aluísio Schuck, em Laranjeiras do Sul (PR), não se calaram diante da possibilidade da transformação de sua escola em colégio militar. Foram às ruas e também nas redes sociais demonstrar sua indignação na última segunda-feira, dia 8.

Tudo começou quando se noticiou que o Núcleo Regional de Educação (NRE) escolheu junto a Secretaria Estadual de Educação (SEED) o Colégio Gildo, como é conhecido, como uma das duas possibilidades para a implantação de um colégio militar no município do interior do estado do Paraná. O Colégio tem 40 anos e é o mais antigo da cidade, oferecendo Ensino Médio e também magistério.

 Os estudantes bloquearam ruas no entorno do colégio para demonstrar a sua insatisfação porque afirmam que não se constrói uma história apagando a outra. Defendem ainda que a transformação afetaria características históricas da escola, já que caso fosse aprovada a implementação do colégio militar, o magistério deixaria de fazer parte da grade, sendo transferido para outro local.


Postagem em rede social (Foto: Reprodução/Facebook)

Nas redes sociais os alunos protestaram dizendo que não querem que se destrua de maneira fria uma instituição que consideram como família e que há anos fornece cursos de humanização que auxiliando na construção dos valores individuais.

A  estudante Aranay Ribeiro, presidenta do Grêmio Estudantil Evolução, informou que a escolha do Colégio Gildo como uma das possibilidades para a implementação do Colégio Militar não foi consultada no Conselho Escolar, muito menos aos estudantes da escola. “Fomos informados que poderia ser o Gildo porque ele fica localizado no centro da cidade. Então nós do Grêmio Estudantil mobilizamos todos que poderiam ser afetados”, disse a estudante.

“A população jovem é o alvo dessas políticas violentas do Estado”

O chefe do Núcleo, Lidio dos Santos, afirmou em entrevista que a implantação da escola seria uma grande oportunidade para que os alunos adquiram uma identidade social de cunho moral.

Porém não é o que defende o especialista em ciências sociais, o professor doutor da Unifesp, Acácio Augusto. Em entrevista para a UBES, ele relatou que as perdas neste processo de militarização são muito mais significativas do que qualquer possível ganho.

O professor considera preocupante esta iniciativa do governo na educação brasileira. Destaca que isso poderá causar a morte da diversidade no ambiente escolar, o que é um problema, já que o aluno criado num espaço  que incentiva a obediência excessiva e elimina a individualidade, perde a capacidade de produção criativa. Ele ainda defende que uma educação libertadora amplia o imaginário do estudante para fora da escola.

O especialista explica que estávamos passando por um processo de democratização do ensino e que a militarização impossibilita a aproximação dos estudantes de discussões reais e que de fato interessam para o desenvolvimento pessoal de cada um.  

O professor Acácio conclui alertando que a população jovem é o alvo dessas políticas violentas do Estado e que pode futuramente excluir os estudantes que não se encaixem na lógica da  disciplina autoritária.

Esta preocupação da exclusão já está presente entre os estudantes e os professores  do Colégio Gildo, pois caso não queiram frequentar o colégio militarizado serão obrigados a sair.