Ubes – União Brasileira dos Estudantes Secundaristas

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“Os poderosos podem acabar com uma ou duas rosas, mas jamais destruirão uma Primavera”

Por Emerson Santos

Dia 03 de maio de 2016 ao dia 06 de maio de 2016. Ninguém poderá apagar o que já está eternizado nas mentes e corações de milhares de brasileiros e brasileiras.

Em 1951, a União Paulista dos Estudantes Secundaristas promovia uma grande campanha pela construção de restaurantes estudantis nas escolas públicas de São Paulo. Após 65 anos, retomamos as ruas contra a máfia da merenda.

A coragem de meninos e meninas movidos pelos sentimentos mais puros para construção de uma nova escola estará registrada na história, pela rebeldia capaz de ocupar a sede de um dos três poderes do Estado, a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

Ao certo, não saberemos de que forma a história narrará a ousadia dos secundaristas que pararam o mundo para voltar os olhos à corrupção de São Paulo. Contudo tenhamos uma grande convicção: tornou-se muito maior do que a luta dos estudantes secundaristas pela investigação dos ladrões de merenda. Isso mostra a grandeza e a legitimidade da luta. Não por nós, por todos e todas.

Em meio a tempos difíceis de ataque ao Estado de Direito Democrático, criminalização da política, movimentos sociais e questionamento às organizações representativas, foi o movimento estudantil organizado que escancarou à sociedade o verdadeiro sentido da Luta política e a sua capacidade de transformação.

A OCUPAÇÃO DA ALESP É SIMBOLICA
Não apenas por ser histórica ou retratar uma forma de radicalidade e rebeldia também eficazes para conquista de mais direitos, mas sobre tudo, pelo grande potencial de disputa de ideias e elevação da consciência do povo.

Reescrevemos a história de luta daqueles e daquelas que sempre foram colocados às margens da sociedade capitalista. Foram quatro dias de uma verdadeira revolução ideológica, que confrontou as estruturas conservadoras e ultrapassadas de um espaço que nunca foi de gente como a gente.

Pela primeira vez na história de São Paulo, o povo se viu representado. Ressignificamos o espaço. Emponderamos jovens, mulheres, negras (os), trabalhadoras (os), LGBT, macumbeiras (os), freis, a periferia!

Trouxemos respeito, diversidade e acima de tudo amor. Comovemos o povo, ganhamos o respeito e o apoio dos (das) trabalhadoras de todo o mundo. E todo o medo, a desesperança, o terror psicológico, a pressão policial… Foram enterradas pela multidão que nos aguardavam do lado de fora empunhados de rosas brancas. Um punhado de rosa brancas e sonhos depositados na resistência da juventude.

Aqui está a grande Vitória que o movimento pode ter: A esperança para cantar um mundo novo vindo do povo que resistiu e lutou com a gente. E isso nenhuma truculência econômica ou policial pode tirar. Saímos mais fortes e convictos do que tudo. Nossas lágrimas são daqueles e daquelas que sabem de onde vieram e para onde vão.

A todos a todas os secundaristas e apoiadores que escrevem essa história, só tenho a gratidão e algo a dizer: Só perde uma luta, quem desiste dela . E nós não somos da galera que desiste de nenhuma luta.

Resistiremos! Há quem possa interessar, sigamos em frente. Só estamos começando!

Emerson Santos, conhecido como Catatau, é presidente da União Paulista dos Estudantes Secundaristas (UPES).

FOTO: SubExposto.