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Há um ano, Beto Richa promovia massacre aos professores do Paraná

O Estado do Paraná quase inteiro não funciona desde a meia-noite de hoje. O luto – vestido de paralisação convocada pelos diversos movimentos sociais, entre eles a UBES, e sindicatos de trabalhadores paranaenses – é uma resposta do povo ao que ficou conhecido nacionalmente e internacionalmente como Massacre do Centro Cívico, que completa um ano nesta sexta-feira (29).

Não à toa, o evento foi batizado de “Dia de Luto e de Luta”. Há um ano, em Curitiba, cerca de 1.661 mil soldados da Polícia Militar do Estado dispararam exatamente 2.323 balas de borracha e 1.413 bombas de efeito moral contra professores e servidores públicos do Paraná que, insatisfeitos com o governo de Beto Richa (PSDB), protestavam há dias na praça que leva o nome, justamente da civilidade. Duzentos deles ficaram feridos, muitos fotografados com marcas ensanguentadas de bala no rosto.

Segundo a organização do ato de hoje, aproximadamente 35 mil pessoas estavam no Centro Cívico às 16h para lembrar da covardia de Richa e seus policiais. Entre elas, a União Paranaense dos Estudantes Secundaristas marca presença. A presidenta da UBES, Camila Lanes – que na época do massacre presidia a entidade paranaense – também marchou pelas ruas de Curitiba.

“Testemunhei o massacre no ano passado, inclusive sendo atingida por estilhados de bombas lançadas pela Polícia Militar. Hoje, mobilizamos mais de 5 mil estudantes e nos unimos em apoio aos professores. Vamos às ruas para mostrar ao governador Beto Richa que nós não esquecemos o que ele fez e continuamos juntos na luta”, diz Camila.

Durante o dia todo, o evento ocupou vários locais de Curitiba, como a Praça Santos Andrade e a Praça Rui Barbosa. No fim da tarde, todos se encontraram no Centro Cívico – palco do massacre – onde acontecem shows de Pereira da Viola e da banda de rock Detonautas, liderada por Tico Santa Cruz. Mais cedo, o presidente do Conselho Honorário do Serviço Paz e Justiça na América Latina, o argentino Adolfo Pérez Esquivel, prêmio Nobel da Paz, em 1980, discursou em um dos carros de som.

A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) aproveitou o dia para promover a Semana Nacional em Defesa e Promoção da Educação Pública, que vai debater a importância do educador no processo de ensino no Brasil, com um cortejo até a sede do governo do Paraná, o Palácio Iguaçu.

O MASSACRE DO CENTRO CÍVICO

O Massacre do Centro Cívico aconteceu no dia em que os deputados estaduais votavam o Projeto de Lei 252/2015, proposto por Richa, que modificava a Previdência Social dos educadores e reestruturava os fundos previdenciários do Estado. Por meio dela, o governo pretendia migrar os pagamentos de aposentadorias do Fundo Financeiro, custeado pelo Tesouro do Estado, para o Fundo Previdenciário, pago, justamente, pelas contribuições dos trabalhadores vinculados ao governo.

Em outras palavras: o governo estadual deixaria de pagar sozinho as aposentadorias e repassaria parte da conta para os próprios servidores.

Enquanto a votação acontecia, os professores se manifestavam do lado de fora do parlamento paranaense, contidos pela truculência da PM. Segundo levantamento da Rede Brasil Atual, 15% do contingente da PM do Paraná participou do ato, disparando uma bomba a cada 24 segundos.

Os servidores ainda permaneceriam em greve por mais 73 dias, não antes da Assembleia do Paraná aprovar o projeto, com 31 a votos a favor e 21 contra. No dia 30 de abril do ano passado, a lei foi sancionada, significando uma derrota dos trabalhos perante o governo de Richa.

Mais do que isso: em março deste ano, a Justiça Militar do Paraná arquivou a denúncia oferecida pelo Ministério Público do Estado sobre a operação. O juiz Misael Duarte Pimenta Neto, que analisou o caso, disse que a polícia “teve êxito” nos acontecimentos e que os líderes dos protestos agiram como “facções radicais”.

POSIÇÃO DA UBES

À época, a UBES e a UNE classificaram o massacre como uma “quarta-feira de horror” e lamentaram o despreparo da Polícia Militar, que agiu como se tivesse em uma “operação de guerra”, além de reiterar solidariedade aos manifestantes feridos.

Em novembro do ano passado, sem deixar de acompanhar o caso, a UBES apoiou e esteve presente no 52º Congresso da União Paranaense dos Estudantes Secundaristas (Conupes), que debateu largamente o Massacre do Centro Cívico e, desde então, permanece sempre na luta contra os retrocessos dos direitos, como o proposto por Richa e que terminou no vergonhoso massacre dos nossos professores.

Veja nota de repúdio da UBES no dia do massacre clicando aqui.

Texto Vinicius Mendes