Ubes – União Brasileira dos Estudantes Secundaristas

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A Primavera Secundarista na perspectiva dos professores

Com mais de 590 escolas ocupadas por todo país, os estudantes comandaram a Primavera Secundarista. O movimento, que desde o início se posicionou em defesa da educação, contra o sucateamento e pela democracia, contou com o apoio dos professores que também somaram forças junto aos secundaristas.

As ocupações apoiaram de forma integral a greve dos profissionais da educação que pipocou em diversos estados no início do ano letivo de 2016. Nas paralisações, a categoria denunciou o descaso de governos estaduais que atrasou salários e ameaçou diversos direitos dos trabalhadores.

Para saber mais sobre a unidade das lutas entre estudantes e professores, a UBES entrevistou professores que deram sua opinião sobre as pautas das ocupações.

PELA DEMOCRACIA, CONTRA “ESCOLA SEM PARTIDO”

Em São Paulo, onde 236 escolas foram ocupadas contra o projeto de reorganização escolar e pela CPI da merenda, o professor de história do colégio Fernão Dias, Carlos Eduardo, ressalta a importância da sala de aula como espaço para discutir Democracia, especialmente diante do protagonismo estudantil na Primavera Secundarista. “Aprender e defender a democracia começa na escola, onde a primeira experiência democrática que temos é no grêmio estudantil”, disse.

Presente na ocupação do Fernão e da Caetano de Campos, Carlão – como é chamado pelos estudantes -, destaca seu apoio à luta estudantil, que somou forças em diversos estados contra o projeto Escola Sem Partido. Tramitando na Câmara Federal e em nove assembleias legislativas, projetos de lei baseados no ESP  propõem o impedimento do debate de gênero nas escolas, penalizando professores que desrespeitem a sua “doutrinação”.

“É a expressão do golpe que tenta limitar o debate na sala de aula e neutralizar a participação dos estudantes. É engraçado que esse debate surja logo após as ocupações, uma forma de limitação democrática. Não é ideologia, mas respeito às liberdades, principalmente no que diz respeito ao papel do professor na sala de aula. Mais do que emitir opinião, devemos mediar o debate de ideias”, explicou Carlos.

CONTRA A ONDA DE PRIVATIZAÇÃO

No Rio Grande do Sul, depois de ocupar 160 escolas os estudantes impediram o avanço do projeto nomeado pelos gaúchos de “Lei da Mordaça”, além de emparedar o governador José Sartori (PMDB) que suspendeu o projeto que pretendia a privatização das escolas públicas do estado.

Há mais de 22 anos lecionando na rede pública do estado, a professora e vice-presidenta do Centro dos Professores do Estado (CPERS/Sindicato), Solange da Silva Carvalho, fala sobre a unidade de lutas entre a juventude e a categoria que permanece em greve há mais de 50 dias.

“A unidade foi muito concreta e construímos juntos uma luta muito bonita, especialmente em defesa da educação pública. Esclarecemos a abrangência da PL 44 que ameaçava privatizar, por meio da instalação das Organizações Sociais em um contexto que a educação já está sucateada graças ao governo estadual. Os estudantes assumiram essa luta e defenderam melhorias, o pagamento em dia  dos profissionais atrasados, contra o parcelamento e o arrocho salarial”, enfatizou Solange.

A Primavera Secundarista demarcou a resistência ao projeto de privatização da educação que está em discussão em diversas regiões do território brasileiro.

Assim como aconteceu em Goiás, no Mato Grosso, estudantes engrossaram o mote de luta nas ocupações para impedir a proposta do governo de entregar 76 escolas estaduais à iniciativa privada, por meio da Parceria Público-Privada (PPP).

Sobre a série de ocupações que atingiu o número de 25 escolas mobilizadas, o professor Joaquim Almira comentou o apoio da categoria que encabeça greve desde o dia 31 de maio. Presente diariamente nas ocupações da capital, o professor de história do Centro de Educação de Jovens e Adultos Almira de Amorim Silva fala sobre a importância de barrar o edital.

“A organização estudantil fortalece a nossa proposta contra o projeto neoliberal que vem se estendendo na política nacional de privatização, parceria que não é benéfica. O projeto quer terceirizar o serviço de apoio dos profissionais. Quem lucra é quem financia, por isso temos feito essa mobilização em conjunto”, pontuou.