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Professores e estudantes dão aula de cidadania para o governador Alckmin

Os professores da rede pública do Estado de São Paulo, os estudantes secundaristas e diversos movimentos sociais tomaram as ruas da capital paulista na tarde desta sexta-feira (27) em solidariedade às ocupações estudantis contra a (des)organização e em combate à política para a Educação do governo Geraldo Alckmin.

No início da tarde, os docentes realizaram uma assembleia no vão livre do Masp e de lá partiram em marcha para a Praça da República, onde fica a Secretaria da Educação. Foram levados dois bonecos infláveis: um de Alckmin e outro do secretário da Educação, Herman Voorwald.

Para a presidenta da Apeoesp, Maria Izabel Noronha, maior sindicato de professores da rede estadual, as ocupações fizeram toda a sociedade participar do debate sobre a educação no Estado.

“Nós estamos implementando uma gestão democrática, na qual todos os pais, professores, funcionários e estudantes devem ser ouvidos antes de qualquer decisão ser tomada”, afirma Noronha.

A Apeoesp quer a suspensão imediata da reorganização escolar e reivindica um debate aberto com toda a sociedade ao longo do próximo ano sobre as políticas do Estado para a educação. Assembleia na próxima sexta-feira votará greve da categoria.

Diante da presença de centenas de policiais militares que acompanharam a manifestação fortemente armados, a presidenta da UPES, Ângela Meyer, chamou atenção para a forma truculenta e violenta com que o governo tem tratado as ocupações estudantis.

“A única resposta que a Secretária de Educação dá às ocupações é a PM invadindo as escolas e colocando fuzil na cabeça de estudantes. É essa é o diálogo que se tem com os estudantes que estão lutando em defesa da educação e dando uma aula de cidadania”, declarou Ângela.

PROFESSORES COM OS SECUNDARISTAS

Professora da rede pública estadual há 45 anos, Dulce Maria da Silva Martins Costa, de 66 anos, veio de Itapetininga, no interior de São Paulo, para se solidarizar com a luta dos estudantes paulistas. A instituição em que ela leciona, a E.E. Major Fonseca, já passou por uma ‘reorganização’ no passado, quando um ciclo foi fechado e as salas ficaram superlotadas.

“O movimento dos estudantes é muito importante, pois uniu pais, professores e estudantes na luta pela educação. Os estudantes se politizaram, deram um sentido para a cidadania”, avalia Dulce. “Daqui a pouco, ninguém mais vai querer ser professor.”

Para o professor Walter Paulo, a gestão de Alckmin mostra que é antidemocrática ao não ouvir a comunidade escolar. “Nenhum governo do mundo tem o direito de fazer isso, de mudar sem consultar as bases, os professores, os estudantes, aqueles que serão afetados por suas medidas”, afirma.

Docente da E.E. Doutor Nilton Operman, de Campinas, que terá um ciclo fechado pela reorganização, vê o movimento dos estudantes como justo e legítimo. “A escola é do povo!”.

A secundarista Nani Nunes, que está ocupando a E.E. Maria José, na Bela Vista, região central da capital paulista, conta que os professores são muito importantes na manutenção da ocupação. “Eles auxiliam, dão dicas, nos ajudam com cobertor, alimentos. Vão todos os dias na escola ver como estamos apesar da diretoria proibir”, relata.

Para ela, a escola não vai voltar a ser a mesma. “Depois da ocupação, quem não fazia muita coisa na escola, vai ter mais noção, vai participar, dar opinião, se empoderar”, afirma.