Ubes – União Brasileira dos Estudantes Secundaristas

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Em reencontro, secundas planejam reconstruir país com educação ao centro

“FINALMENTE!” A exclamação foi repetida durante toda a manhã da sexta (10/12) pelos corredores da Faculdade Zumbi dos Palmares, em São Paulo, quando lideranças secundaristas de todo o Brasil enfim se encontravam presencialmente após longos meses de reuniões e mobilizações online, para o 21° CONEG da UBES. 

O dia foi cheio, com três mesas de discussões relacionadas à nossa formação e nosso papel no país, com participação de especialistas. Apesar da transmissão ao vivo da UBES ter sofrido um ataque hacker (leia mais abaixo), ficou claro que estudantes não serão silenciados.

Rozana Barroso, presidenta da UBES, resumiu o sentimento na abertura: “É um momento excepcional. Quando vi cada uma e cada um entrando nesse plenário hoje, me tremi inteira. O reencontro com vocês me dá uma esperança muito grande.”

Reconstruir o país

Rozana lamentou a crise que o país vive sob Bolsonaro, em que o Enem sofre desmontes, a evasão escolar se faz realidade e crianças pedem para Papai Noel um pedaço de carne. Mas demonstrou confiança na união estudantil como saída, relembrando as recentes lutas da UBES pela garantia do novo Fundeb, pela vacinação e pelo PL que distribuirá 18 milhões de tablets a estudantes:

“Fomos nós que trouxemos a palavra de esperança durante a pandemia. Nem pensamos em desistir porque sabemos que nosso povo passa fome. Isso é sobre nós. Somos nós que podemos ir para subempregos. São nossos irmãos que estão parando de estudar. Não há Brasil que consiga superar as crises da pandemia sem educação.” Rozana Barroso, presidenta da UBES

“A gente não aguenta mais andar na cidade e ver nossa juventude morando na rua, passando fome. É olhando pra nossa história da UBES que a gente abraça a missão de reconstruir nosso país. Nosso direito de votar, de estudar, de entrar na universidade.” Adriele Andrade, vice-presidente da UBES

Adriele, Rozana e Juliene: as meninas que compõe mesa diretora da UBES

“Se dependesse de Bolsonaro, a filha da empregada não estaria aqui falando com outros estudantes sobre educação. Muitos de vocês não estariam aqui. Mas estamos com mais fôlego do que nunca para dizer que vamos construir outro país.” Juliene Silva, secretária geral da UBES

Secundas com voz: CONEG enfrenta ataque hacker, mas discute formação cidadã

Durante as transmissões ao vivo das mesas de discussão do CONEG, na tarde desta sexta, o canal da UBES no YouTube sofreu uma invasão e foi desativado. “Incomodamos porque somos fortes”, denunciou a presidenta Rozana ao plenário, que seguiu com as discussões sobre o novo ensino médio, as desigualdades educacionais e o ensino pós-pandemia.

Olhar o ensino médio de forma crítica

Sociólogo Cesar Callegari na mesa “Educação básica, currículo, desigualdades e democracia”

Na visão dos convidados, como Cesar Callegari, do Instituto Brasileiro de Economia Aplicada, que compôs por 12 anos o Conselho Nacional de Educação, o projeto do novo ensino médio reduz os direitos de aprendizagem. Esse modelo colocado em 2018 cria uma formação técnica separada da de uma formação crítica e humana:

“Ensino médio precisa ser reformado, mas não podemos nos aquietar diante de um processo que vai provocar ainda mais exclusão. O leque de opções é uma miragem que trará frustração. E o que fica de fora com a redução da base comum curricular?” Cesar Callegari

O sociólogo participou da segunda mesa do dia, assim como professor Josemar Carvalho, da Rede Emancipa, e Dirce Zan, professora da Faculdade de Educação da Unicamp, que também questionaram o projeto que se inicia em 2022 nas escolas “sem discussão com a sociedade”, na opinião deles.

Não é só apertar um botão

Na terceira mesa do dia (“Valorização do Ensino Técnico e integração com o conhecimento científico”), estiveram como convidados Rafael Alves, da reitoria do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), Pedro Peixe, professor do Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG), Vitória Santos, do grêmio do IFSP e Sônia Regina, que é reitora do Instituto Federal Catarinense e presidenta do Conif, a entidade que congrega todos os IFs e seus mais de 600 campi pelo Brasil.

Como contraposição do modelo que avança do novo ensino médio, os convidados fizeram uma defesa do modelo de ensino médio integrado ao técnico, como há nos Institutos Federais. A diferença é que estudantes não precisam abrir mão de uma formação humana para optar pelo ensino profissional, como deve acontecer nas escolas a partir do ano que vem.

“Nossa visão transcende a visão de que a formação técnica é saber apertar um botão sem saber o que isso significa para a vida da sociedade e do planeta.” Sônia Regina, presidenta do Conif

“Quem faz ensino técnico não é alguém menor. Não acreditamos numa educação para filhos dos trabalhadores e outro ensino para quem vai ocupar cargos de liderança, como é a tradição. Não achamos que deve haver essa separação.” Sônia Regina, do Conif

Rafael Alves, do IFSP, pontuou que este modelo de ensino foi pensado, em 2008, junto com um projeto de pais com desenvolvimento, que precisava de mão de obra especialista. Segundo o sociólogo, hoje o país vive uma “desindustrialização”.

Ao comparar o ensino integral dos IFs, que sofre cortes de orçamento, com o novo ensino médio, o professor Pedro Peixe concluiu: “Querem acabar com estudante da escola técnica que tem educação de qualidade e consegue refletir.”

O 21° CONEG da UBES reúne em São Paulo nos dias 10 e 11 de maio de 2021 dezenas de lideranças secundaristas do Brasil todo – com apresentação de passaporte vacinal e demais cuidados sanitários. É o primeiro encontro secundarista presencial desde o começo da pandemia.