Ubes – União Brasileira dos Estudantes Secundaristas

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14º ENET aprova campanha pelo ensino técnico de qualidade

Depois de um dia intenso de debates, os estudantes que participavam do 14º ENET (Encontro Nacional das Escolas Técnicas) lotaram a Plenária realizada no auditório da Faculdade Zumbi do Palmares neste sábado (19/10), mostrando que a Revolta não terá fim tão cedo.

Na mesa, Pedro Gorki, presidente da UBES, Débora Nepumeno,vice-presidenta, Julienne da Silva, secretária geral,Vitória Carolina, presidenta da UMES Porto Alegre, e Rozana Barroso, diretora de Escolas Técnicas da UBES, apresentaram a campanha “Defender o ensino técnico para salvar o Brasil”.

A campanha resume um pouco de tudo que foi discutido nas oito mesas do dia e ressalta a importância do ensino médio integrado ao técnico com qualidade, como é oferecido pelos Institutos Federais e Cefets. Por outro lado, critica o projeto de expansão das vagas sem recursos, como foi apresentado pelo governo Bolsonaro.

“O ensino técnico tem papel fundamental na soberania, contra a crise econômica que o país atravessa e o desemprego. Hoje, neste encontro, denunciamos o desmonte pelo qual estamos passando e traçamos estratégias para resistir. E agora, levaremos por todo país essa campanha que defenderá a escola e o instituto dos nosso sonhos”, afirmou o presidente da UBES.

Leia aqui a carta da campanha na íntegra:

ESTUDANTES RESISTEM AOS ATAQUES DE BOLSONARO

No início deste ano, realizamos o primeiro encontro de entidades do movimento estudantil para mostrar que se o governo escolhe a educação como inimiga, seremos resistência! Desde então, foram muitas manifestações por todo o Brasil, muitas delas impulsionadas pelo anúncio, realizado pelo “ministro da Educação”, Abraham Weintraub, do corte de verbas em universidades e institutos federais.

Ao tomar tal medida e dizer que instituições de ensino – que são de excelência – só “produzem balbúrdia”, o ministro teve que lidar com uma grande onda de protestos nas redes e nas ruas, organizada sob o mote “Tira a Mão do Meu IF”. A revolta dos secundaristas mobilizou mais de 400 campi em defesa dos Institutos Federais (IF), dos Centros Federais de Educação Tecnológica (CEFETs) e demais escolas federais – todas essenciais para a promoção do desenvolvimento social e econômico do Brasil.

Não houve trégua para o governo Bolsonaro. Após as massivas mobilizações estudantis nas escolas técnicas, vivemos o que ficou conhecido como “Tsunami da Educação”, ocorrido nos dias 15 e 30 de maio. Na ocasião, milhões de estudantes secundaristas e universitários, além de outros membros da comunidade acadêmica, fizeram um grande levante dos livros em defesa da educação. Após essa grande demonstração de força, saímos às ruas, no dia 7 de setembro, com o rosto pintado de verde e amarelo e com a bandeira do Brasil em nossas mãos. Como verdadeiros patriotas, anunciamos: os caras-pintadas voltaram! Numa revolta organizada, os estudantes se voltaram ao diálogo com a comunidade externa às instituições de ensino para debater os rumos da educação, da ciência e da pesquisa.

Após intensas mobilizações, o processo de luta estudantil se manteve no enfrentamento aos desmontes de um governo que diz querer ampliar o número de estudantes matriculados em escolas técnicas, mas que, contraditoriamente, não tem previsão orçamentária para isso.

Bolsonaro e Weintraub acabam por distorcer, portanto, o papel do ensino técnico, que é fundamental para um projeto de desenvolvimento do país. Além disso, o governo tenta, sistematicamente, ferir a democracia nas escolas. Esse foi o caso do CEFET do Rio de Janeiro – que, aliás, resistiu bravamente -, que teve um interventor indicado pelo ministro sem que a decisão tivesse passado pelo crivo da comunidade escolar.

Não há setor na educação que não tenha sofrido com os ataques do governo e seus aliados nos estados. O governo avança sucateando as escolas técnicas e é contra a nova proposta do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB).

DEFENDER O ENSINO TÉCNICO PARA SALVAR O BRASIL

Bolsonaro escolheu a educação como principal inimiga. Em toda sua trajetória política, viveu de ataques aos estudantes, professores e, mais recentemente, do apoio a projetos como o Escola sem Partido. Ao ser contra a educação, o ministro da Educação acaba por favorecer o desmonte do Brasil, além dos índices alarmantes de desemprego e perda de direitos trabalhistas – tragédias que só podem ser superadas com forte investimento no setor.

Entre os jovens, essa realidade tem propiciado a evasão escolar e a submissão ao subemprego. Bolsonaro encampa uma verdadeira campanha de desamor ao país ao tentar destruir nossa autoestima e ao tornar ainda mais difícil ter perspectiva de futuro.
Por isso tudo, a nossa revolta tem causa e objetivo: barrar os retrocessos que ameaçam o Brasil. Fruto dessa nossa luta e muita pressão, tivemos uma grande vitória: o retorno dos recursos retirados pelo governo para as universidades e institutos federais.

Mas, não podemos parar por aqui. Nosso próximo desafio continua sendo barrar o projeto “Future-se”, que retira do Estado a responsabilidade do financiamento da educação pública. Além disso, ainda falta a liberação de parte dos recursos cortados pelo governo e os institutos federais continuam sob ataque.

Diante disso, precisamos realizar uma campanha que ecoe nos quatro cantos do país. Para isso, os estudantes devem encampar, desde já, encontros regionais e estaduais de estudantes de escolas técnicas a fim de defender suas escolas para salvar o Brasil.