Há uma semana, o clipe “This is America”, de Childish Gambino (codinome do ator Donald Glover), ultrapassou 100 milhões de visualizações e teve grande repercussão nas redes sociais.
A música, que denuncia o racismo nos Estados Unidos, teve seu clipe produzido com cenas fortes e cheio de referências à realidade do negro norte-americano.
No Brasil, essa realidade não é muito diferente e muitos artistas introduzem o racismo e a desigualdade racial em suas letras. A seguir, separamos 7 clipes de cantores brasileiros que tratam destes temas:
O clipe lançado no último domingo (13), justamente quando completou-se 130 anos da Abolição da Escravatura, conta a história do escravo Galanga que foge após ter matado o senhor de engenho. Para elucidar o acontecimento, e contextualizar com os dias atuais, Rincon foge de um policial branco que tenta capturá-lo.
“Escravos apanham, meu ato de loucura. Fugido eu tô correndo pela mata. Na pele eu levo a marca da tortura”
A partir de um grupo de empregados domésticos negros, o clipe evidencia a discriminação racial e os tipos de violência sofridos pelos personagens, com situações que se repetem na vida real. Os empregados, que representam a senzala, se revoltam contra os patrões, a casa grande, e com uma rebelião tomam o poder dessa luta de classes.
“Por mais que você corra, irmão, pra sua guerra vão nem se lixar. Esse é o xis da questão, já viu eles chorar pela cor do orixá?”
Filmado em São Paulo, “Diferenças” expõe a desigualdade social da grande metrópole, e com um personagem principal negro, retrata a realidade da classe mais pobre. Rael aponta o capitalismo e a má distribuição de renda como os fatores principais dessa desigualdade. O clipe apresenta as duas visões: a do rico e a do pobre.
“Eu chego sempre cansado, ele todo empolgado. Eu meio estressado, ele muito engraçado. Na corrida da vida ele já vai disparado e eu tô lá atrasado, com os braços atados”
As dificuldades no convívio entre negros e brancos é o tema central de “Amigo Branco”, que retrata a opressão contra a população negra. O clipe traz uma sociedade inversa, onde os negros bem sucedidos são maioria e o personagem branco se sente discriminado, sendo o único nos espaços.
“Olha, meu amigo branco, preconceito existe sim. Às vezes quem abre a porta pra você é quem fecha pra mim”
Fazendo referência ao filme “Corra!”, a música do rapper é um grito de desespero do povo negro que é silenciado. Enquanto Djonga corre angustiado com vestes africanas, ao fundo aparecem imagens de guerra, símbolos racistas e takes dos Panteras Negras, partido que representou a luta negra nos Estados Unidos nas décadas de 1960 e 1970.
“Querem que eu me contente com nada, sem meu povo tudo não existiria. Eu disse: Óh como cê chega na minha terra. Ele responde: Quem disse que a terra é sua?”
Após o assassinato da vereadora Marielle Franco, Mc Carol lança a música de mesmo nome para falar do feminicídio contra a mulher negra. O clipe relata também a violência no Rio de Janeiro e do abuso de poder nas favelas após a intervenção militar, com depoimentos de moradores e manchetes de jornais.
“Eu sou a preta que podia ser sua filha. Solidariedade, mais empatia. O povo preto tá sangrando todo dia. Eu não aguento mais viver oprimida”
Racismo e violência policial são algumas das situações apresentadas no clipe de Rashid. O clipe denuncia a realidade do negro brasileiro e mostra como a discriminação acontece em todos os espaços, e que a abordagem violenta não vem só da polícia, mas de toda a sociedade.
“O que fizemos aos senhores além de nascer com essa cor? E de sorrir lindamente diante de nossa amiga dor?”
Produzido pelo fotógrafo e videomaker Matheus Leite, “Formatura Preta” traz jovens universitários baianos vestidos com becas denunciando a dificuldade que o jovem negro tem de se formar. As cenas representam não só a formatura, mas também elementos da cultura africana.
O clipe foi gravado ao som de “Abre Caminho” de Baco Exu do Blues e de “Olho de Tigre” de Djonga, rappers que compõem músicas que abordam o racismo e a desigualdade racial.