Ubes – União Brasileira dos Estudantes Secundaristas

#MostraOTítulo: Se Liga,16! pelo Brasil
7 de maio de 2018
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Até último dia para jovens de 16 e 17 tirarem o título, UBES realiza maratona “Se Liga 16”
9 de maio de 2018
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ARTIGO: Por que tiramos o título?

Pedro Gorki tira o título de eleitor em Natal, Rio Grande do Norte
*Por Pedro Gorki

Termina nesta quarta-feira (9) o prazo para estudantes de 16 e 17 anos tirarem o seu título de eleitor e participarem nas eleições de 2018. É também a reta final da campanha “Se Liga 16”, promovida pela União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES). Jovens de todos os estados estão procurando a Justiça Eleitoral para ter acesso ao direito mais transformador de todos em uma democracia, o direito ao voto. Se você ainda não tirou o seu, a hora é agora.

Muita gente se pergunta: Para que tirar o título de eleitor em um momento de tantas notícias ruins sobre a política? O desinteresse nunca foi tão grande e ele atinge também boa parte da juventude. Porém, o que os jovens precisam entender é que se você não se interessa pela política, os que são donos da política agradecem, pois eles poderão permanecer lá para sempre. E essa é uma realidade muito objetiva no Brasil. São sempre os mesmos no poder, principalmente no poder legislativo. Pouquíssimos jovens, poucas mulheres, poucos negros, indígenas, LGBT. Ou seja, quem é a maioria numérica do Brasil não está lá.

Por isso, quando um jovem de 16 e 17 decide usar o seu direito e virar esse jogo, o resultado é impactante não somente para agora, mas também para o futuro. Votar é a chance de ter a nossa voz respeitada, de criar consciência sobre as coisas que acontecem no Brasil. Votar é a chance de escolhermos projetos e ideias que nos atendam, que melhorem a educação pública, que promovam a vida dos jovens negros nas periferias, que garantam o acesso ao transporte, à saúde, à cultura, ao emprego, ao desenvolvimento. Se a maioria dos nossos problemas nasce da política, não há saída para esses problemas fora da política. Precisamos ocupá-la e transformá-la.

Se a maioria dos nossos problemas nasce da política, não há saída para esses problemas fora da política. Precisamos ocupá-la e transformá-la.

Assim como aconteceu com as mulheres, com os descendentes dos negros escravizados, a juventude teve de batalhar muito para ter o acesso ao voto. Isso aconteceu apenas após uma ditadura militar que perseguiu, torturou e matou principalmente os jovens que se opuseram a ela e se organizaram a partir do movimento estudantil. A UBES, que foi atacada de todas as formas pela ditadura, resistiu e conquistou a reabertura democrática em 1985. Logo em seguida, os grêmios escolares, as uniões municipais, estaduais de secundaristas começaram um grande movimento pelo direito de votar com 16 ou 17, apesar de não ser obrigatório.

Campanha “Se Liga, 16” completa 30 anos junto com a Constituição Federal de 1988

Esse foi o nascimento da campanha Se Liga 16, que completa 30 anos junto com a Constituição Federal de 1988. Após muita pressão, manifestações, muita atuação da UBES junto aos deputados constituintes, o documento máximo da legislação brasileira passou a nos contemplar como participantes ativos da democracia. Desde então, a campanha se intensifica a cada ano, a partir de palestras, visitas a escolas, atividades culturais, ações de ruas e também na internet e nas redes sociais.

“A morte de Marielle Franco, a perseguição e prisão sem provas do ex-presidente Lula, os atentados a tiros contra sua caravana e o acampamento que o apoia em Curitiba são sinais graves de que há gente que prefere a violência e o silêncio do que o jogo democrático jogado nas urnas.”

Vivemos um momento de fragilidade da nossa democracia. Após a derrubada ilegítima de uma presidenta da República, um governo que promoveu graves retrocessos e retiradas de direitos sem o aval da população, chegamos também a um quadro de violência política. A morte de Marielle Franco, a perseguição e prisão sem provas do ex-presidente Lula, os atentados a tiros contra sua caravana e o acampamento que o apoia em Curitiba são sinais graves de que há gente que prefere a violência e o silêncio do que o jogo democrático jogado nas urnas. Mas não poderão nos intimidar.

Meu nome é Pedro Gorki, eu tenho 17 anos e tirei o meu título na última semana. Esta será a primeira eleição da qual participo. Quero entrar em campo pelo Brasil e virar esse jogo. Não podem nos impedir. Vamos ocupar as eleições!

* Pedro Gorki, 17 anos, é presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundarista na gestão 2017-2019