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Pedro Gorki ao CNE: “Precisamos de BNCC que respeite os sonhos da juventude”

O presidente da UBES, Pedro Lucas Gorki, foi ouvido nesta segunda (10/09) pelos 24 conselheiros do Conselho Nacional de Educação. O órgão deliberativo se reuniu para ouvir por 40 minutos as considerações do estudante sobre o projeto de Base Nacional Comum Curricular (BNCC) construído pelo conselho, em conjunto com o MEC, que Michel Temer pretende sancionar neste semestre.

Para Gorki, a proposta ainda preocupa e deixa muitas dúvidas. Não está claro, segundo o secundarista, se o projeto é instrumento para uma educação pública que anule diferenças sociais ou se perpetuará a lógica vigente de mais conhecimento e mais oportunidade para quem tem mais dinheiro.

A criação de uma Base Nacional Comum Curricular é determinada pelo Plano Nacional de Educação (PNE) para padronizar a qualidade do ensino nas 190 mil escolas brasileiras. Porém, a versão apresentada pela gestão do Ministério da Educação (MEC) tem sido alvo de críticas, por servir como suporte para a atual “reforma do Ensino Médio”.

Falta de verba, democracia e falsa ideia de escolha

Uma das maiores preocupações é quanto à falta de garantia de financiamento para a realização do projeto na prática, pois ele exigirá mais verbas do que as atuais, já insuficientes, para mais tempo de permanência na escola e criação das opções de aprofundamento, os chamados itinerários formativos (entenda).

De forma criativa, estudantes protestam contra má estrutura das escolas públicas brasileiras

Ele lamentou que a proposta permita que jovens façam o aprofundamento próximo de sua casa e não realmente optem de acordo com seus anseios: “Se não houver compromisso federativo de que todas as escolas públicas oferecerão as cinco opções de aprofundamento, a escolha anunciada nas propagandas do MEC não será real”.

Gorki levantou ainda a falta de clareza sobre participação de empresas privadas, autorizadas pela reforma do Ensino Médio e pela BNCC a formar professores e criar itinerários formativos, por meio de parcerias público privadas.

Outra dúvida é quanto ao papel do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), hoje maior meio de entrada de jovens da rede pública ao ensino superior.

As dúvidas sobre a BNCC tocam também no ensino sobre gênero e sexualidade, termos que ficaram de fora do texto final. Para Gorki, a presença destes temas na escola é essencial para erradicar altos números de feminicídio e o Brasil deixar de ser o país que mais mata transexuais no mundo.

Por fim, o presidente da UBES ressaltou a falta de democracia do Conselho Nacional de Educação na construção desta base. “Acreditamos que realizar cinco audiências públicas, num país continental como o nosso, é minimizar o debate sobre a BNCC”, disse.

Renúncia no CNE

O Conselho Nacional de Educação enfrentou, em julho, a renúncia do conselheiro que dirigia os trabalhos sobre a BNCC, César Callegari. Ele deixou a presidência da comissão por discordar da proposta. Segundo Callegari, o texto compactua com a precarização posta com a reforma do Ensino Médio.

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