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Ocupações estudantis: os frutos da Primavera ficam

Cinco mulheres mais um homem gay e negro. A composição da mesa “primavera secundarista, as ocupações e o protagonismo das mulheres negras/os e LGBT’s” se destacou por ir na contramão do perfil dos líderes da chamada velha política. Assim também foi nas ocupações de 2015 e 2016, quando secundaristas de diversos credos, cores e orientações sexuais reinventaram a forma de organizar suas escolas.

Os convidados do debate que aconteceu no último dia (30) no 42º Congresso da UBES, em Goiânia, falaram principalmente sobre a importância do processo de organização. Eles enfatizaram que gays, lésbicas, mulheres, negros, índios e outras minorias precisam ocupar as cadeiras do Congresso Nacional e os espaços de poder para a implementação de uma política horizontal, que dialogue com os interesses da juventude.

 

Eu tô na rua para lutar por um projeto feminista e popular

Anne Karolyne Moura, secretária de mulheres do Partido dos Trabalhadores (PT), lembrou do período escolar, quando era a única garota no Grêmio Estudantil. E diz perceber como é fundamental dar voz às mulheres, no sentido de viabilizar a aceitação social das pautas feministas. Ela ainda completou que tem orgulho de ter assistido às ocupações estudantis pelo Brasil e que o movimento “formou um espaços misto, de diálogo com garotas e garotos”.

A ex-deputada do Partido Comunista do Brasil (PCdoB/SC), Angela Albino, citou um trecho de Simone de Beavouir para enfatizar que a luta das mulheres pela disputa de espaço deve ser uma constante:

“Nunca se esqueça que basta uma crise política, econômica ou religiosa para que os direitos das mulheres sejam questionados. Esses direitos não são permanentes. Você terá que manter-se vigilante durante toda a sua vida.”

Poesia e luta

Os estudantes vibraram com a fala de Júlia Aguiar, diretora de mulheres da União Nacional dos Estudantes (UNE), que começou com uma poesia de Thiago Melo:

“Faz escuro mas eu canto,
porque a manhã vai chegar.
Vem ver comigo, companheiro,
a cor do mundo mudar.
Vale a pena não dormir para esperar
a cor do mundo mudar.
Já é madrugada,
vem o sol, quero alegria,
que é para esquecer o que eu sofria.
Quem sofre fica acordado
defendendo o coração.
Vamos juntos, multidão,
trabalhar pela alegria,
amanhã é um novo dia.”

De acordo com Júlia, pensar em primavera secundarista é refletir a respeito do que esse movimento significou para a juventude brasileira. “A gente reconfigurou a maneira de lutar, usando a ocupação como instrumento. Pensar a política dentro das escolas e universidades é romper os envelhecidos muros da educação. Ao ocupar, provamos que tem um outro jeito de pensar o ensino público com crítica, colocando em pauta o novo perfil dos estudantes”, comenta.

Não vão conseguir tirar os “pretin” da universidade

Bruna Rocha, ex-diretora de mulheres da UNE, relembra que os avanços na educação foram conquistados bravamente por outras gerações e que a memória delas não pode ser esquecida na construção da nova política. “Essa geração não pode perder a referência histórica de como chegamos até aqui. Nós somos sujeitos e frutos da luta anterior, da luta de classes. Se teve ocupação e preta na universidade é porque houve um círculo virtuoso de políticas públicas nos últimos anos, teve a democratização do acesso à educação, ao consumo de bens e serviços e à informação, por tudo isso saímos da cultura de greve para uma cultura de ocupação. A cultura de ocupação vem da cultura do nosso tempo”, concluiu a jornalista.

Eu beijo homem, beijo mulher, tenho o direito de beijar quem eu quiser

O presidente da União Nacional – UNA LGBT, Andrey Lemos, afirmou que a juventude é a principal detentora dos nossos direitos e inspira liberdade. “A história do nosso país é de luta contras as opressões, todos nós sonhamos em ver o Brasil realmente livre, soberano e com igualdade de oportunidades. Os estudantes entenderam que para construir um futuro sem machismo, racismo e LGBTfobia é necessário lutar sempre. Eu acredito nessa galera que ocupou escolas, é uma juventude bela, viva e sobretudo forte”, finalizou.

Por Amanda Macedo, de Goiânia
Fotos: Léo Souza