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“O ensino técnico voltado só para o mercado de trabalho é uma perda muito grande”, diz representante da SBPC

A secretária da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) de Goiás, Márcia Pelá participou do debate sobre a Escolas Técnicas durante o 42º CONUBES. Na ocasião, a professora disse que para conseguir que o ensino público se torne igualitário para todos é necessário repensar o sistema como um todo e investir.

“Produzir ciência de qualidade não é uma tarefa simples e depende de investimento. Precisamos criar um projeto de nação para que a ciência seja um conhecimento humano e não de poucos, para poucos como é hoje, porque quem domina a ciência, domina a sociedade”, afirmou.

Com o projeto “SBPC vai à Escola”, a entidade científica promove a interação entre cientistas e estudantes do ensino público (níveis fundamental e médio) através de palestras e atividades nas escolas. Segundo Márcia, este é uma das contribuições da SBPC para aproximar o jovem da Ciência.

Leia a entrevista a íntegra!

Márcia Pelá durante 42º Congresso da UBES.

UBES: Como você acha que o olhar do jovem pode acrescentar na ciência?
Márcia Pelá: O olhar do jovem para a Ciência é fundamental. Principalmente, o jovem que está na luta e reivindica seu espaço na história. A escola tem que se abrir para isso e o conhecimento científico tem que integrar o conhecimento do cotidiano. O jovem faz parte da sociedade, não só como um futuro, mas como um agora, ele mobiliza agora. E o conhecimento científico é fundamental para essa formação do ser humano integrado, que dê conta de entender o seu lugar na história.

UBES: Qual a importância desse jovem ter o acesso cada vez mais cedo à Ciência, e como ele pode ter isso na escola?
M. P.: Essa é uma luta que a SBPC vem fazendo a partir da popularização da ciência. Tem um projeto chamado SBPC vai à escola que aborda isso. No conhecimento científico que temos visto, há um abismo entre a produção e o acesso a isso. Então, vemos lutando para que esse abismo diminua. É possível, mas precisamos de muita luta, precisamos de uma rede entre pesquisadores, professores e estudantes, para que as escolas tenham o conhecimento científico como base. Nós vemos que em muitas escolas, principalmente as que servem a classe trabalhadora, não há o método científico desde o início, e isso é primordial, essa alfabetização científica é a base da formação do ser humano integrado.

UBES: Como você enxerga a proposta do ensino técnico do governo Temer?
M. P.: Para mim o ensino técnico como uma proposta de formação só voltado para o mercado de trabalho é uma perda muito grande. A educação tem que dar conta da formação cognitiva, do cidadão e também para o trabalho. Se a gente analisar a Reforma do Ensino Médio, principalmente a base comum, que retira as matérias de humanas imprescindíveis para a ciência, que traz a Filosofia que questiona, a Geografia, a História, enfim, disciplinas que nos fazem compreender a sociedade, essa proposta do governo Temer é reduzir o processo da escolarização da classe trabalhadora.

Por Débora Neves e Natasha Ramos.
Fotos:  Léo Souza.

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