Ubes – União Brasileira dos Estudantes Secundaristas

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Investimento = qualidade: a conta do ensino no país

Quem frequenta a escola pública hoje talvez não saiba, mas há 50 anos ninguém queria estudar em escolas particulares, mesmo as pessoas ricas. Isso porque as públicas eram muito melhores. Foi essa a lembrança que o diretor do Instituto Federal de São Paulo (IFSP) Luis Claudio Matos trouxe ao abrir o debate sobre ensino técnico e movimento estudantil do Coneg da UBES nesta sexta (8) em São Paulo.

Como a situação se inverteu? O diretor explicou que as causas foram os cortes de investimentos desde os anos 1970. As poucas instituições públicas com mais estrutura e recursos apresentam, ainda hoje, ótimo desempenho. Enquanto o Brasil fica em 69º lugar no Pisa, exame internacional do ensino médio, os matriculados nos institutos federais, por exemplo, ficam em 11º. Milagre? Não. Cada aluno das escolas federais custa quase três vezes mais do que das redes de ensino estaduais.

Os participantes da mesa e secundas no auditório criticaram o desmonte do governo Temer na rede federal, a falta de assistência estudantil para quem entrou e a discrepância de qualidade de ensino entre o ensino médio tradicional e os institutos. “Não queremos brigar com nosso colega do Ensino Fundamental para ver quem vai entrar no IF. Queremos é a ampliação dos IFs!”, resumiu Katerine Oliveira, ex-vice UBES.

“Não queremos brigar com nosso colega do Ensino Fundamental para ver quem vai entrar no IF. Queremos é a ampliação dos IFs!.” Katerine Oliveira, ex-vice UBES

Importância do movimento

Para conquistar isso, todos ressaltaram a importância da unidade do movimento estudantil, evitando retrocessos e o avanço do conservadorismo e do neoliberalismo. O ex vice-presidente da UNE Rodrigo Rodrigues foi contundente: “As palavras de ordem aqui são importantes, mas precisamos ir além disso e barrar o avanço da direita”. Também participaram Daniel Iliescu, ex-presidente da UNE, Moara Correa, ex-vice-presidenta da UNE e Tamires Sampaio, ex-1ª vice-presidenta da UNE, além da Tânia Silva, diretora de Assistência Estudantil do IFRJ.

O bilhão do Temer

Na véspera do CONEG da UBES, o governo de Michel Temer anunciou R$ 1 bilhão de “investimento” nos institutos e faculdades federais. Porém, o diretor do IFSP alertou para que ninguém se iludisse com o gesto: “São verbas até então contingenciadas, não verbas novas”, esclareceu. Ele entende que o movimento estudantil encara uma “guerra” e que é preciso informação para se manter na luta.

Pelo Brasil

Com o microfone aberto, estudantes trouxeram diferentes realidades dos vários estados. Do IF de Mossoró (RN), Ana Flavia lamentou a falta de democracia e reuniões fechadas para decidir cortes, não informados ao movimento estudantil. Já Dandara Pedrita, do Maranhão, trouxe informações sobre a conquista dos novos IFs no seu estado.
Na Paraíba o movimento também é ouvido, disse Leandro Levi , citando os novos refeitórios e assistência estudantil dos institutos. Mas lamentou a situação do resto da rede: “Quando ando pelo meu estado, as escolas estaduais me entristecem. Queria que todo estudante tivesse a educação de qualidade que eu tenho no IF. E isso não é mais do que obrigação do Estado”.

“Quando ando pelo meu estado, as escolas estaduais me entristecem. Queria que todo estudante tivesse a educação de qualidade que eu tenho no IF. E isso não é mais do que obrigação do Estado”. (Foto: Manu Guimarães – CIRCUS)

Por Natália Pesciotta, de São Paulo
Foto destaque: Yuri Salvador