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Página no Facebook reúne relatos de assédio praticado por professores

As histórias não são novas, muitas aconteceram há muito tempo. E os perfis se repetem em loop ao longo dos anos: professores, geralmente bem mais velhos, se aproveitam de sua posição de poder (e até de certa imunidade na instituição onde lecionam) para assediar alunas de diversas formas. Na tentativa de denunciar situações abusivas desse tipo, quatro estudantes gaúchas de licenciatura criaram a página no Facebook Meu Professor Abusador, que em menos de um mês de atividade alcançou mais de 23 mil curtidas e recebeu mais de 600 relatos.

Na esteira das campanhas online #meuprimeiroassédio e #meuamigosecreto, que no ano passado ocuparam as redes sociais com denúncias de assédio, a página usa a hashtag #MeuProfessorAbusador para reunir histórias de estudantes vítimas de qualquer forma de abuso praticado por professores. A imensa maioria é protagonizada por alunas do ensino fundamental e médio ou de universidades que sofreram violência sexual ou verbal de docentes homens — há poucos casos que atingem meninos e outros que envolvem assédio moral vindo de professoras.

A impunidade é frequente. Grande parte das ocorrências não chega ao conhecimento da autoridade responsável, como a direção da escola, e as que chegam são tratadas com pouca seriedade, na tentativa de abafar o caso, seja para proteger a imagem da instituição ou pela importância do professor dentro dela. Muitas vezes a vítima é culpabilizada e são raras as situações que levam à demissão do docente.

Com medo de retaliações — ameaças de processo e muitos comentários de ódio já chegaram à caixa de mensagens da página –, as criadoras preservam a própria identidade e pedem alguns cuidados na hora de fazer a denúncia, como não citar simultaneamente o nome do professor, da matéria e do colégio ou faculdade. Além do uso da hashtag, os relatos podem ser enviados anonimamente por inbox e e-mail ou por um formulário do Google.

O principal objetivo da página é alertar sobre o problema e criar uma rede de proteção às estudantes. “Eu sei que você conhece um caso. Ou até mais de um. Talvez tenha acontecido com uma aluna de outra turma, quem sabe até uma amiga sua, e talvez tenha acontecido com você. Homens sempre tiram proveito de suas posições de poder, professores não são exceção. E eles o fazem porque não contam com nosso revide. Mas estamos crescendo, e hoje já não podem mais nos calar. Liberdade sem voz não é liberdade, é medo. Você não está sozinha”, diz a descrição da campanha.  

Por Mariana Payno.