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Com repressão a estudantes e blindagem a deputados, CPI da Máfia da Merenda é encerrada na Alesp

Truculência policial marcou nesta terça-feira (13), a última reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Merenda na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp). Dois secundaristas que acompanhavam a sessão foram detidos por policiais que tentavam impedir a presença dos estudantes no plenário.

A pedido do presidente da comissão, Marcos Zerbini (PSDB), os jovens foram expulsos da sessão por se manifestarem contra o relatório final da CPI que não propõe investigação contra nenhum parlamentar.

Em imagem, o secundarista Gabriel Hoffman de apenas 16 anos aparece sendo imobilizado por diversos policiais de forma desproporcional. O diretor de escolas técnicas da União Paulista dos Estudantes Secundaristas (UPES), Alerson de Mello, foi detido e levado para delegacia junto com outro estudante.

15420938_1160731857337710_6203845886453112313_nDepois de ocupar a ALESP e impulsionar a instalação da CPI, o presidente da União Paulista dos Estudantes Secundaristas (UPES), Emerson Santos, que acompanhou todas as reuniões da comissão, conta que o resultado é um desrespeito com os estudantes.

“Foi muito simbólico, nenhum político foi preso, mas dois estudantes detidos pela polícia. Entendemos a importância de participar de cada uma das sessões para fazer pressão contra a blindagem a parlamentares já citados em esquemas de corrupção denunciados pela Operação Alba Branca. Mesmo assim, manobras foram construídas, o relatório final não citou nenhum político e aponta que não houve prejuízo dos cortes públicos, o que é um absurdo diante de tanta materialidade apresentada pelos próprios depoimentos” explica Emerson.

ENTENDA O RELATÓRIO FINAL

Por seis votos a um, a base do governador Geraldo Alckmin (PSDB) na ALESP aprovou o relatório final da CPI que não trouxe nenhuma novidade em relação às investigações que já ocorrem no Ministério Público Estadual, na Justiça Federal e na Comissão Sindicante da Assembleia, nem quanto ao R$ 1,3 milhão pago em propina pela Cooperativa Orgânica da Agricultura Familiar (Coaf). O relatório isentou todos os políticos citados pelos delatores no âmbito da Operação Alba Branca, entre eles o presidente da Casa, Fernando Capez (PSDB).

Os ex-assessores de Capez, Jeter Rodrigues e José Merivaldo, foram incluídos nas denúncias penal e administrativa. Nenhuma menção ao montante suspeito de R$ 622 mil, movimentado nas contas deles, foi feita. A CPI também não teve acesso aos documentos da Operação Alba Branca que estão de posse da Justiça Federal em Ribeirão Preto.

“A CPI não chegou onde queríamos. Mas foi possível mostrar que havia servidores na Educação envolvidos no esquema. Há perguntas não respondidas. Para onde foi o dinheiro? Delatores citaram os deputados Fernando Capez e Duarte Nogueira, ambos do PSDB, como destinatários. Isso não foi esclarecido”, esclareceu o deputado Alencar Santana (PT), o único a votar contra o documento.

Em relatório paralelo elaborado por Santana, o parlamentar cita prejuízo de R$ 8,2 milhões aos cofres públicos oriundo da auditoria feita pelo Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, que concluiu que havia superfaturamento nos contratos. “É repugnante o roubo de merenda escolar, ainda hoje um instrumento de estancamento da evasão escolar e certamente um pequeno componente da educação que deve ser o pontapé inicial para a busca de um ensino de qualidade”, relatou.

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CAÇA AOS LADRÕES DE MERENDA CONTINUA

As reivindicações contra a falta de merenda de qualidade nas escolas de São Paulo deve continuar, segundo Emerson. Para ele, mesmo com as manobras da base aliada do governo, a luta dos estudantes que ocuparam suas escolas obteve resultados.

“Nossa atuação foi decisiva, cumprimos nosso papel. Pela primeira vez na história da ALESP uma CPI foi instalada como fruto da pressão popular e acompanhada pelo povo. Foi uma grande vitória porque fizemos com que toda a população debatesse a corrupção no estado de São Paulo a partir dos desvios da merenda, e pela primeira vez, investigar o governo do Estado. O relatório final apenas confirma que precisamos continuar denunciando os desvios da merenda, voltaremos às aulas e às ruas ano que vem para denunciar os ladrões da merenda e cobrar a merenda de qualidade.

Da Redação, com informações da Rede Brasil Atual
Fotos: Jornalistas Livres e Rede Brasil Atual.