Ubes – União Brasileira dos Estudantes Secundaristas

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A cultura do estupro e o direito a nossos corpos

Na semana passada vimos mais um desses casos que nos fazem arrepiar, chorar, temer e refletir sobre a imagem da mulher na sociedade que estamos inseridas. O caso do estupro coletivo sofrido por uma jovem de 16 anos, no Rio de Janeiro, por 33 homens que teve imagens e vídeos jogados na internet foi um daqueles acontecimentos que causam alvoroço na internet com direito a “textões” e debates importantes. Questionamentos que ridicularizaram a vítima, viralizou nas redes sociais, chegando ao ponto mais inaceitável, infelizmente comum, de justificar um estupro.

Todos os dias meninas e mulheres são estupradas, entretanto, são em casos como esse que ideias construídas por uma lógica machista reaparece sem pudor. Se haviam 33 homens no ato do crime e nenhum deles tentou ajudar a vítima ou parar com a sequência de horrores é porque estuprar não é doença, é cultura enraizada.

É a cultura do estupro que fez com que nenhum deles se rebelasse contra o crime que foi cometido, é a mesma cultura que encoraja e naturaliza a violência contra a mulher, para que se joguem fotos e vídeos na internet. A cultura do estupro normatiza a violência e caça todos os dias o nosso direito aos nossos corpos, justificando o abuso por nossa condição de sobriedade, santidade, comportamento, vestimenta.

Tentaram justificar o crime pela menina supostamente fazer uso de drogas, por ela não estar sóbria, por ela ir na comunidade, por ela ser jovem mãe. Esqueceram que nossos corpos são nossos, e não importa se bebemos, nos drogamos, dançamos rebolando, vestimos roupas curtas, se somos as ditas profanas. Nossos corpos são nossos territórios.

Lutamos todos os dias para a construção de uma sociedade em que as mulheres possam ocupar o lugar que queiram. Essa geração de mulheres é a mesma que ocupa as ruas, a política, as fábricas, as empresas, e onde mais quisermos.

Ocuparemos a sociedade e a transformaremos. Lutamos pela vida de todas nós, pelo nosso direito de ir e vir, pela nossa liberdade, pelo nosso direito de sermos o que quisermos ser e em segurança.

As mulheres que constroem a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas repudiam o crime ocorrido e também a qualquer ridicularização e justificativa de estupro. Repudiamos toda violência, machismo e abuso cometidos diariamente contra as mulheres. Prestamos sororidade e força, a ela e a todas nós, que acordamos hoje nos sentindo também violadas e com a certeza que nosso luto será de luta pela vida e pelo direto das mulheres.