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Entrevista: Denio Arantes, reitor do IF do Espírito Santo

Ex-presidente do Conif e atual reitor do IFES fala sobre prioridades de sua gestão e a luta pela construção de restaurantes na rede do Espírito Santo

UBES: A rede do Instituto Federal do Espírito Santo foi a maior do Brasil na quantidade de campi durante um período. Como foi possível sua ampliação e qual é sua estrutura atual? Há planejamento para um novo período de expansão?

Desde 2001 já trabalhávamos com a visão de que era essencial crescermos e interiorizarmos nossas ofertas, seria a grande garantia de que não seríamos mais ameaçados de “estadualização” ou privatização, como ocorreu durante a gestão do ministro Paulo Renato e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Isso nos fez praticamente “invadir” os prédios prontos e abandonados do campus Serra e Cachoeiro de Itapemirim. Contamos com apoio de quase toda bancada federal e do governo do estado na compra e doação de terrenos para os campi, chegando hoje a 21 campi funcionando em diferentes estágios de desenvolvimento. Contamos com cerca de 40 cursos superiores, 2/3 no interior, cerca de 100 cursos técnicos e 6 mestrados. Há o plano de expansão dentro do Pronatec II, mas ainda não temos uma visão clara de como isso se refletirá no nosso estado.

UBES: O ensino técnico tem sido prioridade no quesito investimento, porém, neste ano, com a política de contingência de gastos de R$ 7 bilhões foram reduzidos do orçamento da educação. O maior corte comparado a períodos anteriores. Estamos no início do ano letivo, como isso afeta o IFES, os próximos projetos a ser implantados e quais serão as prioridades do instituto?

Aproveitamos ao máximo a expansão da Rede Federal, mas temos hoje diversos campi com infraestrutura incompleta o que exige um grande esforço de nossos servidores para oferecer qualidade nos nossos serviços. Neste ano fomos quinto lugar nacional no Enem dentre as escolas públicas e o primeiro lugar entre os institutos federais; ficamos em 42° lugar entre todas universidades no Brasil e a melhor colocação entre os IFs. Quanto ao aperto ficamos aguardando a definição do corte e concordando com o atual ministro Cid Gomes que diz não haver espaço para cortes ou contingenciamentos no orçamento do Ministério da Educação, principalmente num governo que tem como lema “Pátria Educadora”. Caso ele aconteça, sem dúvida haverá dificuldades com reflexos no funcionamento, mas manteremos nossos investimentos em curso.

UBES: Atualmente, qual é a situação das pesquisas acadêmicas e o envolvimento dos estudantes na produção de conhecimento para o desenvolvimento do país?  

No IFES há um claro direcionamento institucional registrado no nosso planejamento estratégico, a busca pela pesquisa aplicada que será empregada realmente na sociedade. Em 2014 foram dois editais para apoio a projetos em parceria externa, o instituto foi o que mais apresentou e teve projetos aprovados. Esses resultados incluem campi do interior, mostrando nossa política de incentivo que deverá ser coroada com a aprovação de um Polo de Inovação pela Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) até o fim de março.

Os IFs são hoje a maior inovação que aconteceu em educação nas últimas décadas, mas a sua concretização depende de apoio de nossas agências de financiamento, em particular CNPq, CAPES, FINEP.

UBES: O estudante do ensino técnico pode contar com a Política Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes) específica para educação científica e tecnológica. Sendo o direcionamento dessa verba feito pela própria instituição de ensino, como o IFES executa essa ação visando a permanência do estudante através da assistência estudantil?

A criação da assistência estudantil foi um grande passo das políticas em educação no país nos últimos 14 anos através de seu orçamento próprio enquanto não existia a Pnaes. Avançamos, mas ainda não conseguimos suprir todas as necessidades dos nossos estudantes, sabemos que outros aspectos precisam ser analisados e atacados para ampliarmos a permanência e o sucesso estudantil. Por exemplo, precisamos diagnosticar e tomar as medidas para resolver a questão da defasagem escolar dos ingressantes.

UBES: Para o estudante que opta por não trabalhar e dedicar-se inteiramente aos estudos, a alimentação é um dos pilares para garantir a permanência no curso. Onde os restaurantes entram nesse planejamento? Atualmente há algum projeto que viabilize o atendimento desta demanda?

Poucos de nossos campi contam com estrutura e financiamento exclusivo para alimentação estudantil (desconsiderando os mínimos R$ 0,30/dia para alunos da educação básica oferecidos pelo FNDE). Nesse aspecto há muito o que avançar. Tenho lutado muito dentro do Conif e junto à Secretaria de Ensino Técnico pela criação de um programa nacional de alimentação para os IFs. A ideia é que o governo forneça condições de investimento para podermos construir em cada campus as condições mínimas para funcionamento de um restaurante. Até agora não obtive sucesso. Creio que essa seria uma bandeira importante para a juventude em nossas instituições.