3º EME DA UBES: A IMPORTÂNCIA DO DEBATE DE GÊNERO NAS ESCOLAS

Debate sobre o desafio de incluir nos planos municipais e estaduais a discussão da identidade de gênero e o empoderamento das mulheres ressaltou o papel da educação na transformação da sociedade

Em meio à reação fundamentalista que tem barrado a inclusão da discussão de gênero e sexualidade nos novos planos municipais de educação em todo o país, a UBES promoveu em seu 3o Encontro de Mulheres Estudantes (EME), que acontece em São Paulo, o debate “Os planos de educação e a identidade de gênero nas escolas”.

A discussão contou com a presença de professoras e militantes da causa, que destacaram a importância da discussão ainda durante a fase de formação cultural e educacional da juventude a melhor forma de desconstruir preconceitos históricos presentes na sociedade.

Para a professora Fabiane Pavani, que há 22 anos atua na rede de educação pública, não trazer ao currículo o debate da identidade de gênero acaba por fortalecer as discriminações e injustiças. “Precisamos desneutralizar as discriminações. Atualmente, nos encontramos numa encruzilhada política: ou reafirmamos o que já conquistamos e que queremos mais, ou perderemos tudo. É necessário fazer a defesa de maior democracia”, expôs.

Daniella Veyga, primeira transexual a ocupar a diretoria de LGTBs da UNE, relembrou a importância dos estudantes se posicionarem contra a opressão. “Tratar da sexualidade nas escolas ainda é um tabu. É como fugir da normalidade, mas essa mesma escola depende de nós para continuar funcionando. Por isso, queremos a presença de todos e todas lá dentro, com ensino inclusivo, laico e para todos”, defende.

EMPODERAMENTO E A VERDADEIRA IDENTIDADE DE GÊNERO

Apesar do discurso conservador entorno do assunto, o debate de identidade de gênero não é limitado à discussão da opção sexual, como o conservadorismo tem alardeado sobre o assunto, afirma a professora da rede estadual, Anne Sainara.

“A discussões de gênero não é só LGBT, mas também sobre o feminismo, as raízes da homofobia e do racismo. O currículo não abarca tudo o que o estudante precisa. Debater diversidade não é permitido nas escolas que hoje tentam padronizar esses estudantes, escolhendo um lado e excluindo qualquer um que não esteja nesse perfil”, diz Anne.

O empoderamento das mulheres está ligado completamente ao ensino da sala de aula, destaca a 1ª vice-presidenta da UNE, Katerine Oliveira. “Essa é a nossa disputa. Os problemas estão identificados e o movimento estudantil mais do que nunca precisa se posicionar na disputa de consciências”, comenta.

A ex-presidenta da UNE, Vic Barros, também esteve na mesa e relembrou o papel da UBES, que no passado encampou o debate de gênero no Plano Nacional de Educação (PNE) para, entre outras coisas, ampliar o pertencimento dos estudantes ao ensino da sala de aula.

“Para debater na sociedade precisamos debater o modelo de escola. Nenhum negro vai voltar para senzala, nenhum gay vai voltar para o armário, nenhuma mulher vai voltar para cozinha. Que a nossa diversidade possa se manifestar nas escolas, para que possamos ser ouvidos, respeitados e continuar construindo uma educação libertadora”, finaliza.