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Carnaval da ocupação das ruas e da cultura de paz

A festa nunca morreu, mas jornadas de junho impulsionaram a retomada da folia pelas vias das cidades

A ocupação das ruas é com certeza um movimento que junho deixou de legado. Depois do levante do ano passado, de norte a sul do Brasil o direito à cidade tem sido pauta de discussões e reivindicações. Agora em época de carnaval é como se as manifestações estivessem liberadas, afinal todo mundo pode por seu bloco na rua. O que parece deu uma impulsionada nos carnavais de rua do país todo.

No Sul, Porto Alegre, nunca foi lá muita referência na comemoração do Rei Momo. “Depois de um período de certo ataque à cultura, em que a prefeitura impossibilitou a ocupação de diversos espaços, o carnaval de rua voltou na cidade”, destacou a gaúcha e ex-diretora da UNE, Ana Velho.

Este ano as festas de carnaval na região da Cidade Baixa, tem a expectativa de reunir 100 mil pessoas até a quarta-feira de cinzas. “A gente vem profissionalizando o carnaval, mas os blocos já saem por conta própria há 40 anos ou mais. O que a gente faz neste ano é dar o mínimo de estrutura, como banheiro químico, ambulância e até cachê para as bandas”, afirmou o empresário Tiago Faccio, de 34 anos, um dos idealizadores do projeto.

Em Minas Gerais a motivação política e os movimentos sociais tem sido impulsionadoras desse resgate da cidade. De acordo com Juliana Galvão, do movimento Tarifa Zero BH, há uns 4 anos a prefeitura de Belo Horizonte quis barrar eventos em espaços públicos. O resultado foi a Praia da Estação, ocupação no centro da cidade, que tem reunido milhares de pessoas ao som de marchinhas de carnaval e sob o frescor da água de caminhões pipa. Desde lá as festas na rua e ocupações só aumentaram e este ano a estimativa da prefeitura é de que 1 milhão de pessoas participem do carnaval, o dobro da quantidade de foliões que saíram às ruas em 2013. O número de blocos também quase dobrou para aproximadamente 200. “Eu vejo isso como um movimento que envolve muita gente lutando pelo acesso a cidade, como um local a ser ocupada e que possa servir as pessoas”, ressaltou ela.

Este ano o Tarifa Zero BH junto com outros movimentos viabilizaram um ônibus gratuito que vai levar quem quiser ao circuito da folia. “A iniciativa surgiu depois que 43 blocos reivindicaram transporte gratuito e universal durante o carnaval e não obtivemos resposta do prefeito”, explica Juliana.

Também foi de Minas que saiu a marchinha de carnaval “Baile do Pó Royal” que satiriza o episódio da apreensão de cocaína no helicóptero da Família do Deputado Gustavo Perrela. O sucesso fez da marcha a trilha do pré-carnaval de BH e venceu o Concurso de Marchinhas, que também foi retomado na cidade.

Para Paula Kimo, do coletivo Espaço Comum Luiz Estrela, mesmo antes das jornadas de junho já existia um movimento político na cidade para ocupar os espaços obsoletos. “Mas a movimentação das ruas ajudaram as pessoas a se encontrarem, os coletivos cresceram e se fortificaram em uma luta única”, destacou ela.

Cidade do Carnaval

Na cidade do samba, além da festa na Sapucaí, pela cidade serão quase 500 blocos pela cidade toda. Tem bloco de amigos do trabalho, moradores da mesma rua, com motivação política, seguindo orientação sexual, coletivos de cultura e dá para perder a conta das “categorias”. O Bloco Carnavalesco do Colégio Pedro II, a maior instituição pública de ensino básico do país, está no sétimo desfile.

“Para o desfile 2014 o É Tudo Ou Nada!!? fechou com todos os segmentos da sua comunidade: professores, técnicos, alunos e ex-alunos, muitos amigos e agora com a Comissão de Mães, Pais e Responsáveis da Instituição. É um orgulho representar uma comunidade tão grande e diversa e ao mesmo tempo agregar mais amigos pelo motivo do samba”, destacou Antonio Ferraz, da organização do Bloco.  O É tudo ou Nada sai na capital carioca Terça (04/03) às 14 horas de frente ao CPII Humaitá.

No Rio a tarifa zero ainda não chegou, mas o metrô vai funcionar 24 horas de sexta (28) até terça (04).

Folia renasce

Até na capital federal que não tem grande tradição na folia reuniu a expectativa é de receber 500 mil pessoas pelas ruas da capital federal no circuito de blocos de rua. No ano passado o famoso bloco Galinho de Brasília recebeu 15 mil pessoas.

Em São Paulo o carnaval também tem crescido.  O Bloco Acadêmicos do Baixo do Baixo Augusta reuniu milhares de pessoas na Praça Roosevelt, região central da cidade, no última dia 23/02. A organização, apoiada pela cantora Tulipa Ruiz, madrinha do bloco, aproveitou para lançar um manifesto para a criação do Parque Augusta, localizado entre as ruas Augusta, Caio Prado e Marquês de Paranaguá. “Eu acho que o lema é a ocupação da rua, do espaço público, e do respeito à diversidade, na paz. Ir às ruas e dançar não deixa de ser um ato político. É um ato político de vamos ser feliz, vamos nos expressar como somos, nas nossas diferenças”, destacou a Rainha da Bateria do Bloco, a atriz Alessandra Negrini.

Informações e programações:

Porto Alegre (RS)

Brasília (DF)

Rio de Janeiro (RJ)

Florianópolis (SC) 

Laguna (SC)

São Paulo (SP)

Recife (PE)

Boa Vista  (RR)

Belo Horizonte (MG) 

Da Redação UNE, Cristiane Tada