Ubes – União Brasileira dos Estudantes Secundaristas

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Protesto dos estudantes paulistas termina em violência e prisões arbitrárias

A manifestação pacífica dos estudantes em defesa da educação e da democracia nas universidades estaduais paulistas nesta terça-feira (15/10) terminou em truculência da polícia. O ato reuniu a UPES, DCE da USP, UNE, UEE-SP, professores, movimentos sociais, cursinhos populares e muitos ativistas que saíram do Largo da Batata, Zona Oeste da capital, e foram encurralados pela PM assim que o protesto ocupou a Marginal Pinheiros, uma das principais vias da cidade.

O objetivo do movimento era chegar ao Palácio dos Bandeirantes. Os estudantes da USP esperavam que uma comissão de estudantes fosse recebida pelo governador Geraldo Alckmin. Mas o protesto foi reprimido antes de chegar ao seu destino de forma truculenta e com a PM usando novamente a força desproporcional em cima estudantes com bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha.

As cenas que se seguiram lembraram o pior dos acontecimentos de junho. O jornalista da UNE, Rafael Minoro, foi atingido por estilhaços de bomba lançadas pela PM enquanto cobria o ato. O diretor da UEE-SP, Bruno Reis, também foi ferido por estilhaços de bomba. Para fugir das bombas, tiros de bala de borracha da polícia e da confusão que se instaurou, Bruno precisou pular a grade da loja Tok&Stock, na Marginal Pinheiros, e na queda rompeu um ligamento do pé esquerdo. “Estava chorando por causa do gás e fui me arrastando para dentro da loja, tentando me proteger”, contou.

1404789_550734761663259_890414817_oJá a presidenta da União Paulista dos Estudantes Secundaristas (UPES), Nicoly Mendes, foi atingida por uma bala de borracha na barriga e também teve um ferimento na perna. “Ontem a violência foi escancarada, mas a gente sofre isso no dia a dia nas portas das escolas com a ronda escolar e a intimidação da polícia. É essa a política de governo que o Estado oferece para a juventude hoje”, ressaltou ela.

No total, 56 estudantes foram presos de modo totalmente arbitrário sem que existisse nenhuma prova de conduta inadequada contra eles. Representantes do DCE Livre da USP e da UNE, ao lado de advogados, estiveram na delegacia. Todos os estudantes já estão libertos. Para o DCE, o grande responsável pelo cenário de conflito político de ontem, ao lado do Governador Alckmin, é João Grandino Rodas, reitor da USP.

“O reitor da USP prefere assistir ao acirramento dos conflitos na universidade a resolvê-los de maneira politicamente negociada, como querem os estudantes. Tal situação não pode seguir da atual maneira. As negociações devem ser imediatamente abertas e as pautas estudantis atendidas. O DCE, que tantas vezes já buscou essa alternativa, mais uma vez faz a exigência pública à reitoria e, ao mesmo tempo, conclama o conjunto da sociedade e nos apoiar: negocie, Rodas! “, diz nota do Diretório.

Para presidenta da UNE, Virgínia Barros, que também esteve na manifestação, os estudantes vão continuar nas ruas reivindicando ainda mais democracia. “Não vão nos calar. Nós, estudantes brasileiros, seguiremos em marcha pelas ruas, ocupando todos espaços possíveis em defesa da educação, dos professores e da democracia”, afirmou.

Situação da USP

Na terça-feira, antes do protesto, a reitoria da USP havia recorrido à decisão judicial que indeferia o pedido de reintegração de posse do prédio da reitoria e, pela segunda vez, foi derrotada: a Justiça determinou um longo prazo de 60 dias para que a desocupação seja realizada, apontando, mais uma vez, a necessidade do dialogo e da negociação, como há semanas reivindicam os estudantes.

A mobilização dos estudantes da USP é clara: democracia, eleições diretas para reitor e todas as pautas decididas em assembleia. “Nosso método é a mobilização democrática e a busca do dialogo. É por isso que, hoje, mais de 30 cursos da universidade estão em greve, milhares de estudantes têm ido a assembleias e atos e a ocupação da reitoria da USP segue como um espaço vivo e dinâmico. À truculência e ao autoritarismo, responderemos com mais e mais mobilização. E amanhã será maior”, diz texto na página do DCE.

Nesta quarta-feira (16/10) acontece uma Assembleia Geral dos Estudantes da USP, às 18h em frente à reitoria.

Da UNE